Contexto

Qual é a situação em 2023?

Em 2020, um painel de especialistas aconselhou o Ministro das Florestas, Pesca e Meio Ambiente (DFFE em inglês) a parar a indústria de criação de leões em cativeiro na África do Sul. Isto levou a Ministra a comunicar oficialmente em 2021 que ela seguiria este conselho. Isto anunciou o futuro fim das atrações turísticas com leões criados em cativeiro, o fim da caça furtiva e o fim da exportação de esqueletos de leões para a Ásia, onde são processados na medicina tradicional chinesa (MTC). 

A decisão causou enorme tumulto entre os criadores de leões na África do Sul. Relatos de leões negligenciados em fazendas de criação aparecem regularmente na mídia, porque os criadores se recusam a cuidar dos animais, já que não há mais um futuro “modelo de ganho”. NSPCA (o órgão de proteção aos animais da África do Sul) pediu ao Ministério que tomasse medidas rápidas, uma vez que eles estão cada vez mais confrontados com situações angustiantes de leões famintos.  

Como o painel de especialistas também indicou que não via outra solução além da eutanásia dos mais de 8000 leões criados, também houve um alvoroço por parte das organizações de animais. 

A ministra responsável da DFFE, Barbara Creecy, declarou em 2022 que há tantas reações e recomendações em torno da indústria de leões em cativeiro que ela quer criar uma equipe de trabalho para mapear todas as recomendações, para aconselhar sobre a colaboração com criadores de leões e para entender se todos os leões precisam ser sacrificados ou não. Outra tarefa seria obter informações sobre o número de leões por criador, quantas fazendas de animais de estimação ainda existem e obter informações sobre a quantidade de esqueletos de leões armazenados. Seguir-se-ão auditorias de criadores. 

A equipe de trabalho também deve analisar como acomodar os criadores que queiram participar da eliminação progressiva da indústria. Por exemplo, haveria possibilidades de compensação. Isto deve ser feito em consulta com outras partes interessadas, tais como santuários de leões. Eles poderiam eventualmente receber leões desses criadores.  

Para os criadores que não cooperarem, o futuro será difícil. O modelo comercial terminará, isso é claro. Mas como casos angustiantes, como os leões malnutridos, são agora relatados regularmente, espera-se que as regras e a fiscalização do bem-estar animal precisem ser reforçadas. Através da equipe de trabalho, os criadores de leões têm uma última chance de cumprir. 

Dois anos após a conclusão do painel de especialistas, o futuro dos leões em cativeiro da África do Sul permanece incerto.  

Declínio da população global de leões

Em 1950 existiam mais de 400.000 leões no continente Africano.

Hoje, somente 20.000 leões são considerados „selvagens“ e moram em seu habitat natural.

A união internacional de preservação da natureza e de recursos naturais (sigla em inglês – IUCN) afirma que a população de leões teve um declínio de 43% nos últimos 21 anos.

A sobrevivência de leões selvagens está ameaçada pelos seguintes fatores:

• Habitat Natural destruído pelos seres humanos seja para criação de novas rodovias, moradias, fazendas, etc…

• Conflito entre o ser humano e os animais selvagens

• Doenças como a tuberculose bovina, sarna sarcóptica, etc.

• Armadilhas para captura de leões e outros animais para o consumo da carne (especialmente na África Central e Ocidental)

• Caça de troféu e caça ilegal

Ao mesmo tempo vimos um aumento de leões criados em cativeiro de uma certa forma que há, em alguns lugares, mais leões em cativeiro do que selvagens. Leões de cativeiro são usados para diversão como por exemplo, em circo e também como animais de „estimação“. O país com o maior número de leões em cativeiro é a África do Sul, onde a cria em cativeiro é considerada Legal. Acariciar filhotes de leões (cub petting) e passear com leões jovens (lion walks) fazem parte do turismo da África so Sul.

O negócio de criação de leões em cativeiro na África do Sul

Apesar de haver uma atenção grande da mídia ultimamente, a cria de leões em cativeiro existe há mais de 20 anos. A primeira vez que se tornou conhecimento público foi através de um documentáario da BBC em 1997 chamado „The Cook Report“. No mesmo ano, Gareth Patterson publicou seu livro chamado „Dying to be free“ (Morrendo pra ser livre). Ele denunciou como mito a imagem da África do Sul como uma nação preocupada com a Conservação Ambiental e também como essa imagem era considerada verdadeira e incontestável. Pouco tempo depois, Chris Mercer e Beverley Pervan, activistas dos direitos dos animais fundaram o CACH (Campaign Against Canned Hunting – Campanha contra a caça enlatada), que desde então vem fazendo campanha contra a caça enlatada. Nos últimos anos, campanhas parecidas de „Four Paws“ e „Blood Lions“ também vem atraindo a atenção da mídia.

A cria de leões é um negócio muito lucrativo na África so Sul. Mais de 8.000 leões se encontram atualmente em cativeiro em mais de 200 fazendas. Todo leão é explorado desde o dia do nascimento até o dia da morte. Criadores de leões reduziram o „Rei da Selva“ para uma simples mercadoria, não muito diferente da criação de gado intensiva.

Por favor, lembre-se de que atividades turísticas com os leões não existem só na África so Sul mas também em outros países Africanos.

Continue lendo: Trabalho voluntário e acariciar filhotes de leões

Main image courtesy of Chelui4lions

Por favor, clique neste link para assistir ao vídeo: https://youtu.be/fSSzdiklbFQ